Por trás da parafernalha eletrônica em que consiste um carro de Fórmula 1 estão os aspectos estéticos. Eles são importantes, principalmente, para satisfazer aos interesses dos patrocinadores, cujas marcas ficam estampadas na lataria do veículo.
Nesse quesito, há quatro modelos que me permito destacar como os mais chamativos:
- Ferrari de Alain Prost (1991) - Ferrari de Felipe Massa (2007) - Lotus preta de Ayrton Senna (1986) - Jaguar do Eddie Irvine (2000)
O design da Ferrari de Alain Prost era muito diferente do modelo utilizado por Schumacher durante toda a sua careira (este, na minha opinião, um dos mais feios). O vermelho do carro era opaco e ao mesmo tempo reluzente. A tonalidade empregada no aerofólio dianteiro assemelhava-se à coloração típica de uma pintura feita com lápis de cor. Os inconvenientes detalhes brancos dos modelos atuais davam lugar a uma total predominância da cor vermelha. Letras negras contrastavam com o consagrado escudo amarelo, símbolo registrado da escuderia italiana.
A Lotus de Ayrton Senna era toda preta com detalhes dourados que exibiam o anúncio de uma famosa marca de cigarros no aerofólio traseiro.
O carro da extinta equipe Jaguar assemelhava-se a uma bala de hortelã. A cor verde tinha tudo a ver com o desempenho da escuderia, que sempre ocupava as últimas posições no grid de largada, mas nunca perdia as esperanças por resultados melhores.
O dia 11 de abril de 1993 vai ficar marcado na história da Fórmula 1. Nessa data, Ayrton Senna da Silva protagonizou o melhor grande prêmio de sua vida. Correndo na chuva, o piloto brasileiro deu um show diante da torcida britânica, no circuito de Donington Park.
Senna largou em quarto, atrás de Prost, Hill e Schumacher. Logo na largada, foi ultrapassado por Wendlinger, que ocupava a quinta posição, mas conseguiu se recuperar de maneira inacreditável. Ultrapassou um por um dos adversários que estavam à sua frente e, antes de completar a primeira volta, já estava na liderança. Entre os quatro pilotos que estavam à sua frente, três possuíam um equipamento melhor: Hill e Prost pilotavam as Williams, enquanto Schumacher guiava uma Benetton, mas Senna fez valer seu talento e, mesmo com um carro inferior, deixou para trás seus adversários.
A ultrapassagem sobre Karl Wendlinger merece ser destacada. Ele fez uma manobra pelo lado de fora de uma curva que não é considerada ponto de ultrapassagem, deixando Wendlinger a ver navios. Tal façanha foi comparada a outra ultrapassagem, que ele mesmo sofreu em Hungaroring (1986), quando foi superado pelo tricampeão Nelson Piquet.
No decorrer da prova, Senna permaneceu na liderança. O tempo traiçoeiro atormentava os estrategistas das equipes. As condições do tempo mudavam a cada momento, a chuva cessava e recomeçava sem aviso prévio. Diante dessa situação, os pilotos eram obrigados a parar nos boxes para trocar os peus biscoito por pneus de pista molhada. Alain Prost realizou 7 pit-stops durante todo o GP. Enquanto isso, Senna, com toda a sua experiência, resolveu arriscar, permaneceu na pista até o final, e não parou nos boxes nenhuma vez.
O tempo perdido na troca de pneus fez com que os adversários de Senna se distanciassem cada vez mais do piloto brasileiro. No final da prova, pasmem, Senna cruzou a linha de chegada com 83 segundos de vantagem sobre o segundo colocado, Damon Hill e ainda terminou a corrida com uma volta de diferença sobre o terceiro colocado, seu eterno rival Alain Prost. Também poderia ter ultrapassado Hill, se quisesse, mas não o fez para impedir que o rival Prost alcançasse o inglês, já que um retardatário não pode ultrapassar o líder da prova.
O vídeo a seguir exibe a fantástica primeira volta daquele memorável grande prêmio: